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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Sobre como eu descobri que tenho medo de avião

POR: Raquel Morelli


Em julho de 2016 eu e meu então namorado (hoje noivo) fomos viajar para o Caribe a fim de comemorarmos romanticamente nossos 5 anos de namoro.
Tudo lindo, tudo maravilhoso. Até o momento da decolagem do avião (que contarei mais adiante).

Acontece o seguinte: eu sou uma pessoa nervosa, ansiosa, e meio medrosa em alguns momentos.
Eu já tinha viajado de avião 2 vezes na vida, ambas em 2009. 
Tinha 16 anos na época, viajei em excursão com a família ambas as vezes.
Em uma delas, meu avô estava presente e o pavor tomou conta dele durante a viagem de avião. 
Ele é daqueles que prefere cruzar o Brasil de carro a andar de avião, devido a algumas experiências traumáticas no passado (segundo consta).
O que eu me lembro dessas duas primeiras viagens de avião, nitidamente, são:
1- o pânico do meu avô e todos da família indignados porque "como assim o vô tem medo de avião, muito gostoso, melhor que ônibus".
2- a sensação que me deu pré viagem (nessas duas vezes): ansiedade e pensamento constante: "amanhã estará no jornal a notícia do avião que caiu", "Ai meu Deus, estou indo para minha última viagem", "Vou olhar bem para o pessoal que vai sofrer essa tragédia comigo", "Que dó, tem muitas crianças a bordo", "Como será que deve ser a sensação de morrer num acidente aéreo? Vai doer? Espero que não".
Enfim, além disso, não me recordo de ter tido grandes problemas durante as viagens de avião.

Acontece que, sei lá porque, de uns tempos pra cá meu medo de altura foi aumentando. Eu já vivi experiências incríveis em montanhas russas, já quase morri de emoção na descida da Sheikra. Tinha medo? Tinha. Mas controlável. O medo que todos têm.
Percebi que o negócio começou a ficar sério quando fui visitar um Parque de Diversões bem "bosta" na minha cidade e simplesmente quase desmaiei naquele brinquedo: Barca. (Vergonha alheia em admitir isso, sim).
Nunca tinha ido nessa tal barca e estava morrendo de vontade. Foi tudo ótimo. Até o brinquedo começar a subir e descer de um jeito que eu apavorei. Quanto mais alto ia, mais eu fechava o olho e segurava a mão do meu namorado que não continha uma crise histérica de risos.
(OBS: Tive que me controlar ao máximo porque na minha frente estava uma aluninha minha de 8 anos se divertindo horrores e não queria passar o vexame de ela presenciar o pânico ridículo de sua teacher).

Então, a véspera da esperada viagem chegou e eu ficava cada minuto mais ansiosa, com aquele segundo pensamento que apresentei e mais outros, porque dessa vez eu e meu namorado iríamos embarcar sozinhos, sem excursão. Então mil detalhes e preocupações tomavam conta da minha cabeça.
Na hora de entrar no avião eu não conseguia conter minha animação ao presenciar aquele momento: era a primeira vez que ele viajava de avião.
Claro que todos os holofotes eram para ele. "Mor, olha o avião", "Olha que lindo", "Tá nervoso?" "Não fica nervoso", "Aproveite!!".
Aí o avião começou a andar e os comissários davam as instruções necessárias.
Aí eu comecei a sentir uma leve palpitação ao imaginar o que viria pela frente.
Enquanto as rodinhas estavam no chão eu era só alegria por fora. Todo o foco era no Fred, meu namorado.
Até que o avião começou a decolar.

Tremedeiras por toda a parte do corpo, mãos geladas e suando frio, sensação de tontura e que a qualquer momento eu poderia ter um troço tomaram conta de mim e o Fred não deixou de perceber. "Mor, você tá bem?". 
Claro que não. Nesse momento veio a imagem do meu vô na cabeça e como de repente eu me tornei ele.
"Você tá com medo? Mas você já viajou de avião!! Como assim, ai meu Deus, olha sua cara, vou rir disso pra sempre", eram as palavras do meu querido namorado,

Só sei que eu esperava que ele fosse ter esse tipo de medo e na verdade fui surpreendida.
Quando o avião se estabilizou fiquei tranquila na medida do possível, mas era só pensar em quão alto estávamos que já me dava um frio na barriga. Lia e releia o manual e já havia escolhido a posição que ficaria em caso de tragédia anunciada.

Durante a decolagem e o pouso, ida e volta, eu era só pânico.
Vou procurar um tratamento para esse pânico, com certeza.
Mas, para garantir, na próxima, tomo um rivotril para acalmar os nervos e quem sabe dormir (porque é claro que não consegui. Nem na ida e nem na volta).

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